Achei muito interessante esta matéria publicada ontem no UOL e decidi compartilhá-la com vocês!
Marina Oliveira e Rita
Trevisan do UOL | São Paulo 01/04/2013 13h00
Pisar no freio não é fácil, mas quem consegue costuma ser
mais feliz e tolerante.
Pare para pensar quantas vezes, nos últimos tempos, você
disse as frases "Estou sem tempo" ou "Ando cansado demais".
Se chegou à conclusão de que foram muitas, cuidado! Pode ser uma falha no
gerenciamento das tarefas cotidianas, consequência direta de uma vida
acelerada, que leva ao desgaste físico e mental.
"O tempo já foi nosso amigo, mas a multiplicidade de
atividades, possibilidades e deveres cresceram. Vivemos um momento com mais
obrigações e responsabilidades", atesta o psicólogo Armando Ribeiro, coordenador
do Programa de Avaliação do Estresse do Hospital Beneficência Portuguesa de São
Paulo. Para ele, smartphones, tablets e computadores portáteis, que deveriam
trabalhar a favor de quem busca eficiência e praticidade, acabaram fazendo o
contrário. "Ao invés de terem a rotina facilitada pela tecnologia, algumas
pessoas deixam de enxergar com clareza os limites entre a vida profissional e a
pessoal", acrescenta.
E tem mais: estar extremamente ocupado é uma condição que a
nossa sociedade valoriza e à qual se atribui até um status desejável. "As
pessoas com tempo livre acabam sendo menos prestigiadas e podem até ser vistas
com preconceito pelas demais", afirma a psicóloga Ana Maria Rossi,
presidente da International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR).
Assim, as pessoas se sentem encorajadas a correr constantemente contra o tempo,
na ânsia de cumprir mais e mais tarefas diariamente.
Essa prática, no entanto, faz o corpo perecer. Aparecem as
dores musculares decorrentes da tensão, dores de cabeça, problemas com o sono,
males gastrointestinais e taquicardia. O emocional também sofre e crescem as
chances de desenvolver quadros de ansiedade, angústia, culpa e frustração.
"Numa tentativa de sobreviver ao estresse crônico, buscamos pequenos prazeres
imediatos: comer, comprar, ingerir bebidas alcoólicas. Só que esses
comportamentos só servem para mascarar o desequilíbrio e para agravar ainda
mais os problemas de saúde e o mal-estar", destaca Ribeiro.
Para desacelerar sem perder o pé da realidade a chave é
planejar. "É muito comum que as pessoas estabeleçam uma lista de tarefas
para o dia sem levar em conta interrupções comuns, como deslocamentos e
trânsito. Dessa forma, elas nunca conseguem cumprir tudo o que planejaram para
o dia e terminam frustradas", analisa Ana Maria. A partir de um
planejamento mais realista, organizado por ordem de prioridade, é possível
focar um problema de cada vez, aumentar a eficiência em cada tarefa e, o
melhor: desfrutar de algum tempo livre depois.
Atividades que transformam
Quem se mantém na contramão desse movimento superacelerado
costuma ser mais feliz e tolerante. Por outro lado, pisar no freio no mundo
exigente de hoje não é tarefa das mais fáceis. Uma boa pedida é incorporar à
rotina práticas que ajudam a restabelecer a tranquilidade, como ioga, por
exemplo. "O principal benefício da ioga é aquietar a mente e fazer o
praticante voltar sua atenção ao momento presente", explica Marcia De
Luca, especialista em ioga, meditação e ayurveda. Segundo ela, as linhagens que
enfatizam este aspecto são a Hatha, a Bhakti e a Kundalini Ioga.
Outro caminho para acalmar os pensamentos, a meditação pode
ser feita em um ambiente calmo e silencioso, em casa mesmo. "Pode-se ainda
aromatizar o local com óleo essencial de lavanda, para ajudar a relaxar",
sugere Marcia. Feito isto, sente-se com a postura ereta e os olhos fechados.
"Durante cinco minutos, inspire em quatro tempos e expire da mesma
maneira. O pensamento deve estar voltado apenas para a respiração", ensina.
No começo, é quase impossível evitar que uma avalanche de ideias tente impedir
a mente de serenar. Porém, com tempo e perseverança, vai ficando cada vez mais
fácil. "Depois de treinar por vintes dias seguidos, comece a aumentar o
período de meditação gradativamente", aconselha a especialista.
A importância da respiração
Se você não tiver nem mesmo esse tempinho, um cuidado extra
com a respiração já ajuda a aliviar a pressão. "É preciso se perguntar,
repetidamente, se a respiração está correta. Existe comprovação científica de
que acalmar o ritmo em que respiramos tranquiliza a mente", diz Márcia.
"Uma vez que nos tornamos conscientes da respiração, revertemos a produção
dos hormônios do estresse e potencializamos a capacidade de recuperação do
corpo e da mente", afirma completa Ribeiro.
Aos poucos, os comportamentos que colaboram na diminuição do
estresse e da correria vão se cristalizando e se tornando hábitos. "Não
existe milagre. É preciso dar tempo ao tempo e ter força de vontade para mudar
o ritmo de vida, mas vale a pena. Ao final do processo, a recompensa virá em
forma de um bem-estar sem igual", finaliza a psicóloga.
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